Por isso há visitas, almoços com gente nova e muitas crianças. São netos e bisnetos em companhia aos que amam. Também recebo, mas pouco. Alegro-me por ver como é bom estas dádivas, recebidas de braços abertos. As semanas voam portanto há domingos repetidos dia sim dia não. Como vai longe o tempo em que não havia tempo, o domingo era o tempo da carne assada à mesa da avó Amália e logo havia um tempo muito longo de uma escola, sem fim nem alegria. Os transportes eram escassos. Adultos e crianças iam a pé em caminhos degradados, de casa em casa, ora uma avó, ora outra, com ou sem vontade, visitando todos numa praxe social e também de amor. E o tempo passou sem pensar nele como hoje se pensa. O tempo de hoje vive dentro do tempo antigo, por vezes com saudade, por vezes com revolta. Tudo porque não sentíamos o tempo a sugar-nos, a levar-nos para um tempo novo, onde o lugar não existe e o tempo deixa de ser memória.