É como receber uma bebida espirituosa em cálice de cristal, da mão de alguém que vai passando, e nem repara de quem é a outra mão que o segura. Cabe ao recetor deliciar-se e agradecer a dádiva. É assim a primavera que já se anuncia, tornando o ar perfumado aos sentidos mais sensíveis. Ela não sabe que eu existo, apenas faz o seu papel de estação do ano que nos dá uma ilusão saudável de estarmos enérgicos, com pensamentos risonhos sobre a vida cotidiana. Faltam 21 dias para que ela, a primavera, entre no hemisfério norte. Desejo muito recebe-la no meu jardim, com amores perfeitos junto à porta da casa nova.
Como quem dança, trocar de ritmo e de passo, é benéfico para a alegria do baile e dos bailarinos. Assim pode ser na vida diária e também quando o seu fim já é ali, na esquina. Pensando melhor, os passos de dança podem ser mais lentos, até fora do ritmo, mas a dança continua. E aí estou eu, ensaiando tudo de novo, num começo desconcentrado, mas com o sentido orientado para outro projecto de vida. Consegui-lo-ei? Hora a hora se desenvolve no meu pensamento e dentro de mim tudo já está feito, arrumado, pronto a ser vivido. Querer e sempre querer, sem duvidas e hesitações. Eis a receita para atingir objectivos. Outro abrigo, outro lar. Asas de sonho, sempre.