De ontem para esta manhã,
com a noita sonhada
e folgada
de quem tenta viver,
na esperança vã
de aprender a enfrentar
o tempo que levará
a morrer.
Cair de joelhos, chorar ou rir sem motivo aparente, tropeçar em si mesmo, ver o mundo rodar à sua volta,...tanto e tanto para auto análise, na esperança de que ainda é útil conhecer para corrigir, quiçá impedir que os desiquilibrios se instalem para sempre. Estar equilibrado abrange a mente e o corpo, este como reflexo apenas. O desiquilibrio emocional nem sempre é visível. A ele se atribue muitas vezes características pessoais, que mais não são que tendências para doença futura. Exercitar o raciocínio é talvez mais válido, para quem já não corre cem metros, do que fazer as ginásticas que conservam os corpos aparentemente saudáveis. O teste das nossas capacidades, tanto físicas como mentais, é fácil de fazer e tirar dele conclusões sérias e úteis: basta analisar um bom livro, tentar resumir mentalmente uma ou duas páginas e corrigir as alterações no andar, nos pequenos esforços e até no falar, o tom da voz ou a repetição de palavras. Olhar, vendo com atenção as alterações que se vão instalando sorrateiramente. E acima de tudo olhar as flores, as estrelas e a beleza que há em toda a parte, como o Caminho para regressar a CASA.
Quase diariamente observo as velhas senhoras se cumprimentando. Encontros ocasinais no jardim, nas salas, a entrar ou a sair dos edifícios onde residem. Alguns encontros serão combinados, mas há os ocasionais que por vezes se transformam em longas conversas. É aí que eu, da minha janela alta, posso ver e analisar tais comportamentos. Primeiro vem o "bom dia" ou similar, depois o "como tem passado". E as respostas são sempre um rol de maleitas, com as quais não é possivel viver. Este é o ponto de partida para dialogos e monólogos muito engraçados, longos e de sentido único, sobre as respectivas doenças e seus tratamentos partculares. Falar e estar de pé, paradas, requer um esforço superior à fraquesa que querem demonstrar. Eu concluo que as velhas senhoras são fingidas e tentam exagerar as maleitas para exigir mais cuidados a quem tem de as servir.
Este começo de Outono não trouxe iniciativa nem inspiração para trabalhos que não sejam manuais e necessários. Há um novo estilo de preguiça que, analisado, provém de um cansaço interior que diz não valer já o esforço para fazer seja o que fôr. Há até um lamento velado nesta forma de agir, que é um não agir. Há poemas para ordenar e imprimir, há desenhos e óleos por terminar, mas falta a plateia que os classificaria se eu exposesse o meu sentir. Essa falta jamais será reposta. Neste ambiente seria o ridículo ou talvez, a falsa admiração pelas obras. Há em mim uma vontade de esconder o melhor que julgo ter para não ser criticada. Guardo e espero que algum sol, ou deus-sol, me indique como e quando estarei apta a me mostrar.
Não era isto o que tinha em mente quando comecei a escrever.