E começo pelo meu porquê. Quando ainda não sabia ler e já as dúvidas e as perguntas eram constantes, fui na família, a Maria Porquê. Quando me respondiam era certo e sabido que eu, agarrada à pessoa que falava comigo, mantinha o dialogo com perguntas, por vezes sem resposta possível. Esta Maria Porquê mantem-se a perguntar e talvez seja esse o alimento para cada dia de Vida. Esta necessidade de conhecer, de saber o "porquê" das coisas, faz-me procurar as causas e as origens. Enfim, dá-me estímulo para enfrentar estes dias, que podiam ser apenas uma espera, sem alternativa. Assim decorar, apontar tópicos sobre vários assuntos, procurar pessoas que tenham os mesmos interesses, fazem das minhas horas, horas ocupadas e felizes. Afinal a palavra é rica porque a resposta pode iluminar uma existência.
Escrever. Dedos no teclado e pensamento à deriva, ora neste lugar ora ali, quando o jardim tem gente. Passos e vozes. E música dos anos 50 brotando do computador. Não quero passar tempo, mas vivê-lo. A casa está quente, há livros para ler e outros interesses por aí dispersos. A noite fria já chegou. Gostaria de espalhar este calor que me consola, por muitos que estarão dele carentes, mas não sei como fazê-lo. Apenas vou usando a net para enviar palavras amigas. Talvez cheguem a algum coração que queira aceita-las. Elas vão quentes e cheias de Amor.
Algures no tempo, ancorei a infância e cedo a perdi. Também não a procurei. Para quê revivê-la se não contém as alegrias próprias e os espaços que deixam marcas para a vida? Recordo-a sim, com o orgulho de ter sido a criança que, entre uma guerra e outras guerras, endureceu e cresceu, sem perder as faculdades que trouxe a esta Vida. Das guerras todos sabem, da guerra de famílias já só eu sei e lembro. Quem a fez e escureceu meus dias, partiu há muito. Uns mais inocentes do que outros, estes mais vítimas do que aqueles, todos afinal eram o resultado de uma sociedade preconceituosa e porque não dizê-lo, ignorante. Mas amavam-me, disso eu sei. Recebi e dei amor, o amor que ainda me alimenta para escrever estas linhas sem qualquer ressentimento ou revolta por tudo que sofri. É com o Deus que em mim habita que troco estas mensagens e a resposta sempre vem. Guardo-a para me manter viva, a viver.
porque não é possivel condicionar as palavras que talvez escreva. Apetece-me utilizar aquele vocabulário proíbido pelos bons costumes. E não sei o porquê, apenas hoje é dia de explodir contra tudo que me rodeia. Não posso comer o que mais me agrada, tudo é esforço, etc etc, blá blá blá...Se olho o espelho e só o faço por necessidade, esforço-me por me reconhecer na imagem que passo para mim. Embora a vaidade ainda seja presente, quanto de ilusão nela se esbate...! E se deste espaço vejo uma nesga de mar, porque não usufrui-lo como uma benção? Quando almoço, posso observá-lo a refletir o céu ao longe, entre prédios e montes. Este texto, sem título, é bem a minha cara. Sem cor e sem expressão. Talvez seja do frio, que a todos nos tolhe.