Nestas últimas décadas, a palavra tolerante e o seu contrário, são citadas de forma aleatória na escrita e no diálogo, com o sentido de produzir no leitor ou no ouvinte o efeito de aceitação, por parte do autor, das alterações a conceitos instituidos na nossa sociedade. E quando alguém diz, simplesmente, que é tolerante ou seja, que quer aceitar as novas ideias, pessoas diferentes e situações que alteram a forma de viver a que está habituado, a palavra "tolerante" não está bem aplicada. Basta analisá-la. O seu significado não é nem concordância nem aceitação, mas algo que se aceita por pena, comiseração ou até obrigação. Tolerar não é estar dentro do processo em que a situação se desenrola. mas apenas observá-lo de fora, vivendo o preconceito que se diz não possuir. É como um olhar de cima para baixo, de superior para inferior, de mais para menos. Tolero que aquilo exista, porque não posso impedi-lo de existir. Todos querem aceitar tudo, por comodismo ou por oportunismo mas, por amor à sua Verdade, não digam que são tolerantes, pois o sentido da palavra distorce a ideia que querem passar de si.
Do mundo das ideias recebo mensagens que não poderei transmitir. Ou por inépcia ou por ignorância ou, talvez, porque não as sei interpretar. Assim vai a minha noção de vida...não a entendendo. Parece estranho, para quem não tenta contactar o seu mundo interior. Mas felizmente, já existe muita gente que procura dentro de si a chave que nos ligará ao Universo e ao retorno a Casa. O facto de nos movermos como matéria e como tal nos reconhecermos, não invalida a certeza de sermos muito mais do que a maioria dos humanos pensa. Se todos soubessem procurar o seu EU verdadeiro e nele acreditassem, talvez o destino desta civilização pudesse ser alterado. Vou vibrando dentro da minha capacidade de escolha, para usar a inteligência com ética e alguma sabedoria.
Este idioma em que vivo, cujo formato pode ser modificado por cada falante e é sempre entendido por todos, tem nele toda a poesia do mundo. As suas raízes dão a volta à terra, presumindo-se que a sua estrutura foi concebida pelo vento que passa. Tem os sons do mar que nos cerca, das folhas secas que, no outono, são tapetes macios nas nossas avenidas. E tem a doce palavra Amor, a doce e especial palavra saudade, que não tem tradução possivel, tal como o sentimento que simboliza. Ao ler poesia pode entender-se o espírito português, sensível e ao mesmo tempo criativo e aventureiro. Estas observaçôes de hoje, são apenas resultado de breves leituras de trechos de Fernando Pessoa, que em dias "não" me ajudam a viver.