Para lá do rio há um monte.
O Tejo aqui é quase mar.
Vejo o monte porque é alto e verde
e adivinho nele os arvoredos, talvez pinhais.
Perto, vejo prédios que à noite brilham.
Entre tudo isto há um jardim e mais,
muito mais, porque vivo nele,
no meio de gente que também lhe chama seu.
Desta janela sempre aberta, sinto o pulsar
de um mundo que não esperei encontrar
mas onde hoje vivo e luto e sonho.
E ouso projectar, como se o tempo
se orgulhasse de mim.
Com as palmas das mãos viradas ao céu,
pressinto as energias que me amparam
e favorecem se forem entendidas.
E se estas palavras parecem delírios,
que sejam uma oração delirante.
Toda a gente comenta tudo e cada um tem a ilusão que é conhecedor do assunto que comenta. Falam sobre tudo, analisam vários assuntos, desde o desporto à política, da governação a questões sociais e, santa ignorância, cada um sabe mais do que o comentador anterior. Por mim, também serei alvo das mesmas observações, mas evito falar por falar. E talvez , tendo a consciência de que nenhum humano pode abranger todas as áreas do conhecimento, prefira o silêncio. Mas o ruído, quase insuportável, de tantas opiniões expressas nos blogs, nos jornais, na TV, algumas pela mesma pessoa, que atira os seus decibeis aos quatro ventos sem pudor de tanto "saber", deixa-me constrangida e até envergonhada. Por também cair nessa tentação de ajuizar e ver a triste figura que faço. O Elogio do Silêncio ou o ditado que diz: fala quando o que tens a dizer é mais valioso que o silêncio que vais interromper.