Aula de Taichi.Gestos lentos, com simbolismo e algum conhecimento. Depois ouvir e sentir os sons de Taças Tibetanas, feitas de ligas de vários materiais, desde ouro a niquel e confecionadas por especialistas em som. Produzem sons, cujas ondas vibratórias se propagam nos nossos corpos físicos, mentais e emocionais, para equilibrar situações de doença ou simplesmente causar bem estar. É uma sensação agradável ouvir tais sons, de vibração cósmica e direcionados a pontos específicos do nosso organismo. Cada Taça tem uma função, de acordo com o som que emite. Exponho aqui o quanto me alegra sentir estas vibrações, enquanto os sons parecem tateis e cheios de algo indizivel. Tudo isto são bençãos para mim. Estarei aberta para novas vivências e oportunidades que ainda posso surgir?
Era um molho fazendeiro.
Era como uma só flor.
Era um símbolo de dinheiro.
Era a mão cheia de Amor.
Era tudo e era nada.
Como um princípio talvez,
talvez sim a madrugada
de tudo que o olhar fez.
Era só e só foi tanto
que o perfume perdura.
Era a surpresa de quanto
pode ser feita a ternura.
Era apenas o que foi.
E por tanto, tanto doi.
Tenho de lidar com uma situação nova, que oscila entre aceitar uma quase demência ou viver como se "aquilo" não existisse. Não devo intermeter-me demais, para não destabilizar a minha relação com os donos da situação, mas não posso deixar de ouvir as queixas. Estas são muitas vezes criações de uma mente perturbada e que devo aceitar como reais, para não criar conflito. Isto é novo para mim e muito difícil de gerir. Há um desgaste emocional grande e é por isso que recorro a esta forma de diário que já usei na adolescência. Escrever é um desabafo. É como falar a um amigo. É como falar com o meu Deus interno, a quem peço todos os dias coragem, forças e vida para levar avante esta missão que cada dia traz outra experiência, tanto para mim como para a doente que devo amparar e amar.
É para aprender e usar com sabedoria o que se aprende, que o ser humano está neste vale de lágrimas. Que lição tiramos de todas estas desgraças que se estão abatendo sobre nós? Que pensamentos elevados estão regendo as nossas vidas? Que ações meritórias nos desmarcam de uma maioria de interesseiros e egoistas que são a base das sociedades no mundo? A Natureza está a ser violentada e o que se está fazendo para aliviar esta violência? Que respostas estão a ser dadas a tantas necessidades, sustentadas pela ignorância e pelo egoísmo desta Humanidade? Só perguntas. Perguntas que muitos formulamos sem saber como podemos alterar esta situação de suicidio coletivo que se aproxima. A Mãe-Terra está exaurida por todos os crimes que sobre Ela se cometem. E está, como SER vivo que É, a mostrar ao pequeno, pequenissimo, frágil humano, a sua força e grandeza. Ontem, em cinco minutos, a força do vento, destruiu duas cidades, no Algarve. Será que não se pensa em voltar a respeitar a Natureza aprendendo a viver de acordo com as suas Leis?
Guardei muitas tarefas para o fim.
Em contrição me vejo sem cumpri-las.
E de tanto que ainda quero de mim,
peço ao tempo, tempo, a exigí-las.
Nelas estão uns sonhos que deixei,
algures em Artes, que ser artista
foi uma ilusão e se a neguei,
no coração ficou a chama à vista.
E outros, como núvens diluidas,
já perdidos no tempo, mas recordo
o seu conteúdo, por serem percebidas
em vontade de ser o que transformo.
E por isso escrevo como quem chora
p'las tarefas que trouxe e não cumpri.
Poderia, talvez, ter sido, vejo-o agora,
outro alguém no projeto onde vivi..
É novembro. Dias mais sombrios, propensos à tristeza para quem o sol é fonte de quadros radiosos pintados de luz. Da janela, em situação privilegiada, posso contemplar os montes para lá do rio e, à noite, a iluminação de povoações que por aí existem. E em dias claros, também vejo o Cabo Espichel muito ao longe. Já escrevi a palavra tristeza e não quero repeti-la. Mas, por causa da ... que sinto, até o peito me doi. Ou talvez seja a alma. Não sei. Será saudade de tanta gente, de tantos abraços, de tantas vozes. Ou saudade do que não fiz! Ou talvez medo, também presente neste tempo curto. Esta poderia ser uma carta dirigida a quem me respondesse palavras amigas e de conforto, por já não ter de quem receber resposta. Assim é dificil passar a missiva, mas muito fácil verter umas lágrimas. É novembro. Um instante e anoiteceu. São horas de dar atenção a outras necessidades, que chorar não alimenta o corpo. E a carta? Como não tem destinário, nem sequer existiu. Assim é a sombra de mim.
Este corpo
que se auto dirige,
se auto transforma
e se auto destroi,
com uma sabedoria
que o transcende;
este corpo
que acreditei ser jovem
é, afinal, velho de milénios;
este corpo
que alberga biliões de corpos,
átomos da terra e do céu,
átomos do que fui e serei,
e de outros, que foram e serão,
e comigo caminham
para um longínquo amanhã;
a este corpo
-fôrma de mim-
símbolo de algo
apenas pressentido,
vejo-o hoje
como um rio que avança
e nem no mar pode ter fim.
Sim, o meu corpo foi nosso
e por ali andámos
quando o tempo também
foi nosso,
como foi o lugar
limitado ao espaço
a que chamámos lar.
E depois de tudo
ainda ouço os sonhos
de futuro que,
tendo sido ontem,
a vibrar.
A chuva chegou pequena, mas necessária. Ainda ontem o sol brilhou e aqueceu este belo jardim, como se o outono estivesse para ficar. Da minha janela vejo para além dos edifícios, os montes que ladeiam o Tejo até à foz. E todas as luzes de todas as moradas, todos os farois de todos os precipícios, são um mundo iluminado que eu não canso de ver ao longe. Foi me reservado este canto para viver e aqui posso sentir a calma que toda esta paísagem transmite. Basta querer abrir os sentidos ao que é belo e nos rodeia a todos.