Não escrevo há semanas. O apelo para escrever é frequênte, mas perante afazeres mais necessários, finjo que não entendo. Chego a ter os títulos, alguns até já anotados em pequenos papeis soltos e que se perdem. E os afazeres são todos ridículos e desnecessários, vistos à luz de uma "candeia velha" que apenas altera o volume de cada coisa. Ao deixar entrar a necessidade, esta torna-se real e só por isso é necessária. Quando passamos sem algo, ficamos mais libertos perante nós e o mundo. Compromissos, vagas promessas, objectos, tudo isto carrega a nossa alma e tolhe a liberdade. E o Homem nasceu para ser livre e só se é livre sem bagagem na hora de partir. Apenas a alegria, a esperança e a fé, devem estar presentes em cada coração, porque são asas que ajudam a voar.
O vento é muito frio. É inverno, dia 7 de fevereiro. Gostava de escrever palavras que sustentassem alguma ideia útil e agradável para qualquer leitor. Mas hoje estou vazia e nada surge do "mundo das ideias". Por vezes, começo a escrever e logo me aparece um assunto que pode ser desenvolvido. Agora, apenas uso esta verdade de nada ter em mim que invente algo colorido. Amanhã faço anos. Sinto-lhe o peso. As limitações já são muitas e cada dia haverá mais. Restam-me estes prazeres de "cultura" que vão preenchendo os dias. Até amanhã, se fôr...