De tudo que desenho neste ecran, o que mais gosto são estas pequenas figuras representando cenas familiares. Embora o sofware não seja indicado para este portátil, ainda consigo tirar dele algum rendimento. O miúdo é ladino e parece não ligar ao livro que a Avó lhe mostra. Sou tão rica, meu Deus..
Um dia escrevi um texto que muito me agradou. Juntei-lhe um desenho e tudo foi devorado pelo computador. Não faltou energia, não houve programas a pedir premissão para entrar. Foi um apagão misterioso. Perdi o assunto e sou incapaz de o reproduzir. Agora mesmo a situação repetiu-se, mas após ter sido utilizado um novo programa, tudo voltou ao ecran. Enfim, tenho de aceitar, pois pouco ou nada sei desta forma misteriosa de comunicação, cuja tecnologia é complicadissima para mim. Mas é também muito divertida. Vejo cinema, meto-lhe música, jogo com cartas ou outras modalidades, tiro fotos, etc, etc. Além da parte cultural e noticiosa que enriquece qualquer um. Mas afinal para que serve esta escrita? Não tem assunto que valha a pena ler, sem um fim possivel e válido. Por hoje desisto. Sinto-me vazia.
Era de prata o dedal.
Era um tal ponto cruzado.
Era o olhar de Mãe
sobre o bordado,
feito no linho de alguém.
Era a luz da rebeldia
iluminando a lição.
Tudo pela garantia
de uma, talvez união.
Era uma forma esquisita.
Era uma lei social.
Era um ideal antigo
de um projeto qualquer.
Era por não ser ouvida
nem chamada a ser Mulher.
Era uma lei social.
Ainda é de prata o dedal.
Tudo é mecanizado quando eu não estou. Nesta divisão que faço de mim, em que a aparência é uma e o Eu interno é outra, há por vezes uma estranha ausência do Eu, como se as tarefas e os horários fôssem cumpridos sem a presença do primeiro titular, neste contrato com o Criador. Para tudo somos chamados, mas nem sempre sabemos estar presentes. E há épocas da vida em que pensamos que fazer muitas coisas e não parar para pensar, é solução para que tudo seja como desejamos. Assim é se for de utilidade para outrém, não só para nós. Tenho consciência dessas situações mas persisto, porque quero ser como vejo ser à minha volta, onde as conversas se afundam no vulgar, entre cores, modos e críticas, com uma mesa redonda a jeito para haver lugar para muitos. Quando sou só aparência sinto-me vazia mas existo.
...houve sol, amainou o vento, e sentiu-se o odor de uma primavera tímida já instalada. A chuva que ontem desabou, também nos inundou por dentro. É como se os ossos tivessem estado destapados, sem carne e sem guarda chuva. Fora do nosso normal, que é o sol brilhando no azul esplendoroso, parecemos as almas penadas das histórias fantásticas ouvidas na infância. Em anos anteriores, a ameaça de seca rondou todo o inverno e, por isso, era previsivel a mudança. Só que nós, humanos, não nos preparamos para os ritmos da Natureza, violenta por vezes, mas sempre impiadosa com os erros feitos. São as construções onde deveriam correr as águas, são as árvores cortadas nas encostas, é a nossa Casa Mãe usada sem devida adoração e respeito. Há agora uma semente que talvez venha a dar os frutos, os vários grandes movimentos de homens inspirados e determinados em aliviar essa Mãe sofrida e sugada por seres ignorantes, que se julgam evoluidos e sábios. E agora aguardemos um outro dia.