Só para ler os comentários da minha Amiga, vale a pena escrever. São um encanto as formas como ela elogia as minhas ideias e a composição das palavras. Muitas vezes junto assuntos simples, que para mim são textos que apenas leio uma vez, por não lhes conferir qualquer valor. Depois de receber o comentário, esse sim, cheio de sentimento e sábias palavras, volto a ler o texto escolhido, ao encontro do conteúdo que o tonou especial. E que tal abrir um blog, onde a sua forma de juntar palavras seria mesmo um encanto? Esta é a mensagem da sempre amiga, VP.
Êste dia de primavera não tem sol nem chuva. Só nuvens para embrulhar o dia e arrefecer os corações. Talvez por isso, eu estou triste. Por mim e pelo que vejo aqui. Ao falar com alguém que me aborda, verifico um raciocínio confuso, que me obriga a acompanhar para não causar confusão maior. E não é só uma pessoa, não.Isto doi e muito. A velhice é enganosa entre a aparência e a mente. Há pessoas que se apresentam bem e até ligeiras nos seus movimentos, mas cuja doença mental as está destruindo. O doente não pode observar-se, por isso se comporta como se estivesse são, dentro da sua realidade. Há por vezes, ditos e situaçãos que provocam o riso àqueles mais afastados do sentimento da compaixão. A mim faz-me mêdo e muita, muita tristeza. Há antigos professores, médicos, sei lá. Pessoas que tomaram decisões, foram úteis. Hoje não se conhecem e esquecem refeições. Tudo com medicação, cuidados, ano após ano, nestas vidas sem fim. A morte está presente, mas brinca de esquecida, apenas ameaçando. O hospital melhora e regressa a esta coisa sem graça, a que chamam de "linda idade". Meu Deus, que delirio é este que não mata, só espera.
Já mais calma, aponto aqui o mêdo que tive ao levar a minha irmã, quase demente, para outro lugar. Ela percebeu a diferença e eu temi uma reação negativa, com algum sofrimento. Mas em dois dias, parece adaptada e calma. Grandes ajudas do céu e da terra e o caminho fica livre para o amor que me rodeia. Ninguém faz nada sózinho e então eu, com várias incapacidades já visiveis. Graças ao carinho que uma amiga lhe dá, ela agarra a mão e fica olhando, fixamente aquele rosto bonito, que não sabe como apareceu ali. Como nada é por acaso, estes caminhos estavam já marcados para que o encontro fosse possivel.
Ao escrever, procuro as palavras que sugerem flores, símbolos suaves de trato alegre ou de algo que dê um bem ao nosso dia. Estas palavras só eu as encontro dentro do léxico secreto que a poesia comporta no meu coração. Como tal não posso explicá-las nem dissociá-las dos textos que pretendo comunicar. Uma leitora amiga disse-me há dias que eu digo tudo de forma implícita, mas que para ela era claro o meu discurso. Talvez por me conhecer ao longo da vida, pode sentir comigo a energia que me alimenta. Neste mistério que é a nossa vontade, ligada ao poder, ao espírito criativo e à ação, tudo é simbólico e aparente, sendo a verdade de tudo o que está por decifrar. Assim, uso a nuvem como título, por não saber como expressar o que hoje sinto em mim.