Encho os olhos de coisas novas qie ainda teria prazer em usufruir. E com alegria por elas existirem a tempo de eu as contemplar. Vejo obras em velhos monumentos, locais de uso diário com novas formas de aproveitamento, piscinas sobre telhados, com paísagens fabulosas, etc, etc. E penso, como tudo isto é vulgar neste tempo. O seu uso é visto como mais um atributo às gerações que criam, como consequência da criatividade de cada pessoa que luta para melhorar a sua própria vida. Quantas vezes olhei estes locais com tristeza, pelo seu abandono ou porque não eram aproveitados. Por todo o País observei a alegria dos portugueses, quando um novo teatro surgia ou um centro de convívio ou até uma nova estrada. De tudo apenas hoje tenho uma visão na TV ou na net e de todas as novidades tiro a alegria de outros puderem gozar-las. Para mim, é com tristeza que me vejo impedida de vaguear só pela cidade, pois o medo colou-se à independência que sempre guiou a minha vida. Mas acho natural que assim seja, pela falta de saúde e pelo tempo que já vivi.
A criatividade não existiu quando eu era jovem, porque não era falada a palavra na linguagem corrente. O criativo era um ser fora do habitual, olhado como alguém sem regras. Uma roupa de cor forte, um penteado diferente, uma escrita ou desenho que deixasse o observador sem entender o que o autor expunha, eram alvo de opiniões depreciativas que corriam de boca em boca. E nunca se dizia criativo mas louco, tonto ou muito pior. Claro que alguém chamou as atenções e foi criticado. Continuou na sua loucura e outros o seguiram. Assim a palavra, com um som suave, foi ficando, sem se saber por onde entrou. Hoje, felizmente, todos podemos ir criando a nossa vida, dia após dia. Olhando para trás, vejo como foi sempre assim, apenas a palavra estava esquecida dentro do Dicionário. Não era ignorância mas medo. Medo da novidade, medo de perder o que parecia estar seguro. Medo das velhas fogueiras, que pretendiam queimar o que não arde: a liberdade.
Quando eu era flor, fui violeta. Pequena, perfumada e selvagem. O campo era a minha segurança, entre iguais cresci um pouco, ao sabor de brisas e águas frescas. A Pângeia era o único continente que o mar abraçava. Quando a Terra tremeu fui levada e plantada de novo, continuei violeta, mais perfumada, menos selvagem. Conheci mãos delicadas que me colheram sem sofrimento e anjos que me levaram ao colo para o paraíso. Depois ansiei por outra Vida. Bastou pensar, tive asas mas não sei onde estive. Depois...depois, fui vivendo de ilusões, sem memória, criando-me por vontades desconhecidas. Na memória das células deve estar escrito o poder de fantasiar e amar o caminho percorrido. De ser gente e gozar a alegria de ainda ser violeta, perfumada e selvagem num velho coração.
O título apareceu sem pré aviso e dele peço desculpas, pois pode não ter relação com o texto. Por correio eletrónico recebi músicas célebres que me encantaram a tarde. Pensei escrever sim, mas com assunto pensado. As melodias tiraram-me os pés do chão e já não lembro as famosas palavras que tinha idealizado. Para me entreter vou lendo as notícias televisivas quando me apetece olhar, visto ter tirado o som por estar cansada das repetições. Cada assunto é, vezes sem conta, lido no teleponto. E então, como são acontecimentos tristes, ainda magoam mais. Há belas palavras como os sons que nos encantam. Mas nem sempre descem do seu mundo para serem aplicadas. Há semanas que não vinha ao blog, por ter outros afazeres uns dias e por estar preguiçosa noutros. O idioma grego, do qual o nosso também deriva, tem duas palavras chave que eu não vou esquecer: nai e oxi, ou seja sim e não. Sempre se aprende vendo TV. Eu não disse que o texto poderia estar fora do título? Mas será?