Hoje estou no Museu Rodin. Detenho-me frente aos Burgueses de Calais e choro. Vou procurar "Na mão de Deus", ainda sei o caminho e depois vou comtemplar o "O beijo". Fico parada de espanto. A beleza não tem definição apenas é. Da pedra foi tirado tudo que não era necessário para se cumprir a Obra. Quando a vi, pela primeira vez, toda eu fui lágrimas. A comoção foi maior que eu. Os blocos de mármore são vivos nos rostos neles concebidos. As mãos, com veias, sugerem os gestos humanos, sejam de amor, de prece ou morte. Regresso. Entro no Museu Soares dos Reis. Meu coração une todas as Obras geniais e choro, Por mim, pelo sonho, pelas obras inacabadas.
Hoje estou no Museu Rodin. Detenho-me frente aos Burgueses de Calais e choro. Vou procurar "Na mão de Deus", ainda sei o caminho e depois vou comtemplar o "O beijo". Fico parada de espanto. A beleza não tem definição apenas é. Da pedra foi tirado tudo que não era necessário para se cumprir a Obra. Quando a vi, pela primeira vez, toda eu fui lágrimas. A comoção foi maior que eu. Os blocos de mármore são vivos nos rostos neles concebidos. As mãos, com veias, sugerem os gestos humanos, sejam de amor, de prece ou morte. Regresso. Entro no Museu Soares dos Reis. Meu coração une todas as Obras geniais e choro, Por mim, pelo sonho, pelas obras inacabadas.
Este ser que julgo ser e de longe vem, onde já fui outros eus, todos talvez tão diferentes que nem os posso imaginar, encontra hoje uma encruzilhada na sua forma de ser. Entre a ventura e a desventura, entre as duas naturezas de aprender e de esquecer ao que vim. A ventura serve a alegria egoista de viver, sem olhar à volta. A desventura é usar cada dia a fazer da vida a amargura solidária do viver do outro, tirando de mim algo que me pode proteger. Será uma questão de fé optar pela segunda? Nesta sigo o ser que julgo ser e por este caminho atingirei a primeira? E o aprender terá correspondência no lembrar o caminho esquecido.? Tantas são as dúvidas que a vida nos põe nas horas em que a consciência nos inquieta, perante acontecimentos que pedem a nossa intervenção. Estender a mão ou ouvir Mozart?. Temos sempre que decidir e assim vamos para outra encruzilhda...
Por vezes é do tempo, por vezes é do que dizem, às vezes é mal que se tem sem definição na origem. Estou a pensar numa flor que brilhou até hoje ou até ontem. Veio a chuva que é boa mas entristece e como tal incomoda. Eu posso ser a flor e se fosse seria violeta. Só estes pensamentos loucos podem levar a tais transformações, pois eu escrevo penetrando no jogo das palavras, umas vezes com lógica outras vezes sem ela. O idioma português é fertil em significados. Podemos usar muitos sons para o mesmo léxico e nesta riquesa a poesia é raínha. Por isso se permite divagar sem uma ideia concreta. Apenas voar no sonho sem caminho definido. Neste domingo triste, com pouca saúde, só posso ter sido violeta.
Ontem houve eleições legislativas. Cada um, à sua maneira, criou espetativas para uma sociedade diferente, de acordo com interesses pessoais uns, coletivos outros, também utópicas alguns, talvez demasiado materialistas outros, enfim, milhões de cabeças pensando que só o seu pensamento é o certo sobre qualquer outro. Neste possivel certo juntam-se adequadamente como trbos, alguns parecendo inimigos, usando as ideias como armas fatais. As palavras, por vezes contidas, expressam os sentimentos que os levam a sugerir à outra tribo que adotem o seu pensar, tentando ludibriar os mais incautos. Aqui deixo esta ilusão do poder, que a tantos cega pela ambição e inveja. Como tudo é relativo e enganador para a tríbo que se julga em plano superior, assim como o é para todas as outras que lutam por atingir a concretização dos seus interesses. Seria tudo mais fácil e belo se o pensamento coletivo fosse direcionado para o bem de todos, tendo o Amor como objetivo comum.
Este ser que julgo ser vem de longe, onde já fui outro alguém, embora seja o mesmo. Estive a ler Fernando Pessoa e também penso sobre a sequência da vida, não só como seres conscientes, mas tabém como seres que dia a dia se transformam, sem disso terem uma noção concreta. A minha alma, onde penso, decido e escolho os caminhos para ir vivendo e o corpo, com as suas células inteligentes, que nascem e morrem aos milhões em cada hora, não me dão sinais da sua presença e eu, na minha ignorância, vou perpétuando a ideia de que sou algo de decisor aqui, enquanto mundo. Eu ontem já fui outra e amanhã não serei igual a hoje. A morte é presente em cada minuto por ser a vida em transformação. E como nada se perde, este ser que julgo ser também se transformará. Tudo o que fica pensado e escrito pode, amanhã, ser poesia.