Sereno é este mar que embala,
como suave é a mão que me afaga.
No meu pensamento
existe sempre um mar
que mais é um berço
onde vou crescendo
há muito, muito tempo,
até de novo nascer
noutro mar.
Que saberei de mim
algum dia, depois saber
que não sou o que penso?
Talvez um sonho me leve
ao lugar de onde acredito
ter mesmo nascido?
Ah...aquele mar
de onde vim,
aquele, enfim, oceano,
que espera por mim.
Com muito calor e toda a aventura possivel, passei um dia lindo. Porque venci o medo de andar só que me atormentava há muito tempo, porque a consulta de endrocronologia foi agradável, pois não conhcia a médica, porque fui almoçar com amigos e porque vi as duas crianças do Nuno, o João e a Maria Clara, esta com apenas um mês de vida. Depois, na minha casa grande, houve um lanche com petiscos brasileiros, em homenagem a duas jovens que aqui fizeram os seus estágios e regressam hoje a casa.Ficámos "amigas" até que Deus queira .Podemos falar se a técnica o permitir. Assim foi o dia de ontem...
Sonhei com uma casa grande, sem portas e com uma densa nuvem a cobri-la. Mas tudo à volta era gente, que queria entrar passando a parede branca sem esforço, apenas pela vez de chegada. Nesta altura do sonho quiz partllha-lo contigo, mas ante o meu espanto, tu estavas perto da parede e entraste através dela. Só podia ser engano pois estavas ao meu lado. Ainda incrédula fiquei à tua espera. Depois gritei o teu nome. Sem resposta espero até hoje.A casa do meu sonho, branca e sem portas, acolheu-te quando estavas a meu lado, lá e cá ao mesmo tempo, numa expressão incrível de poder e liberdade. Agora sei como a espera é possivel e válida. aprendendo a viver o tempo sem amanhã.
Ficou na minha lembrança a frase, dita por uma Amiga, que festejar os aniversários é festejar a Vida, esquecendo o tempo já vivido. Gostei da ideia e vou utiliza-la nos meus pensamentos negativos quando vejo pessoas doentes, alguns já deficientes, festejarem os seus aniversários com bolos e todos os acompanhantes cantando os parabens a você. Olhando para os aniversariantes raramente canto, pois sinto enorme tristreza ao vê-los, desejando-lhes muitos anos de vida. Mas quem sou eu para proceder desta forma? Vejo que estou errada pois não sei quem quer viver mesmo doente, aceitando a Vida como dádiva em qualquer situação. A minha Amiga tem razão e agradeço-lhe esta oportunidade de corrigir o meu erro. Festejar a Vida sim, sem pensar na dor que o tempo acarreta.
Em que mundo me deixaste, Mãe. Tu pouco soubeste dos horroros que se viveram nesses anos e que íamos sabendo através das notícias que a telefonia (era assim o nome do objeto falante) espalhava pelo país. Tu sabias das dificuldades que tentavas superar e já era muitissimo. Mas eu sempre quis saber mais, o que me faz ver hoje que a guerra nunca acabou. Mudou de rosto, sim. Cinicamente quem pede a paz vende as armas, quem pede a misericórdia para todos retem o dinheiro que alimentará as lutas fraticidas. Os mais pobres não têm voz para decidir o seu caminho. A fome está generalizada e o mundo que não come é, para nós que comemos à farta, uma questão semântica. Oh Mãe, vê se sabes onde estou e chama por mim. Pois eu nada fiz para alterar a dor que cresce à minha volta.Quando jovem pensei mudar o mundo, como todos os jovens pensam. Mas porque não há forças nem conhecimento para tal?. Porquê?
À mesa do café. Atenta à conversa entre dois homens, talvez amigos, sobre os novos conceitos de trabalho ou emprego, a forma como se constituem as famílias, a irresponsabilidade perante os filhos que são de outras famílias e se juntam às nossas, etc, etc. Ao ouvi-los, ía pensando como era possivel viver e ser feliz naquele ambiente inseguro em que só o dia de hoje contava. O homem mais novo, cerca de 40 anos, descrevia a sua família com alguma mágoa, dando a entender falhas na comunicação com a atual companheira. E do que ouvi e compreendi nasce este texto, que escrevo com apreensão quanto ao futuro. Que sociedades estaremos a construir, que valores e que sentimentos se manifestarão nas crianças, homens de amanhã? O homem que mais falou, trabalhava como professor de ténis, a "namorada" representava uma marca de joias e de perfumes. Eram bem pagos mas nem sempre. Ele tinha dois filhos de outra relação, ela tinha também uma filha e tinham em comum uma menina de dois ou tres anos. Eram quatro crianças e uma sem pai e dois sem mãe. Havia queixas e incompreensões. Choros e risos que toda a juventude tem. Quando se despediram o homem mais velho disse alto: aguenta isso que para cabeçadas já chega. Eu concordo.