No interior do tempo, procuro encontrar aquela parte de mim que eu desejava ter sido. Agora vejo o vazio do muito que perdi. Os projetos de vida esbateram-se até ao zero. As esperanças também. Fiquei na sombra a ver a luz iluminar outros eus. Todos somos muitos em cada um, mas poucos o sabem. Dependemos das escolhas e da hora que o tempo determina. Apenas pisei o chão de cada entrada e o medo de seguir em frente foi fechando as portas. Assim fui o eu mais cómodo, mais simples e fui ficando. Ouço-me a aceitar o que está, pois o que está escolhido era para mim o possivel, naquele tempo. Talvez seja assim, pensando na época em que as escolhas se deram. Cada ser humano é um potencial de atitudes e opções imenso, que só a experiência dá a conhecer. E por vezes é apenas um aperto no peito, uma ângustia que se cola e não diz porquê.
o "Quinto Império" chegou. Pela palavra, pelo conhecimento, pela expansão, pela união, pela misericórdia. Pelo valor de muitos portugueses, que pelo mundo, elevam os conceitos universais sem olhar a fronteiras ou a etnias. Assim, está a "cumprir-se Portugal", como defeniu o Poeta. Os países também cumprem destinos. Portugal foi violento, corajoso e sábio, numa perspetiva material mas também espiritual. Cumpriu a primeira parte do seu destino. Ficou pequeno e pobre, como começou. A sua missão foi expandir. Passaram séculos e de novo, este povo é chamado a unir, pela alma lusa, as nações que se desconhecem. O idioma, a nossa pátria, é ouvida nos cinco continentes, a ciência, com prémios pelas causas que abraça, é mundialmente reconhecida. A alegria do desporto une nações. A aceitação dos abandonados e dos necessitados é a glória do nosso dia a dia. Se alguém quizer contestar estas ideias, fica já a saber que eu nada altero, pois me considero apta em analisar o tempo em que vivo.
Sonhei-te, Irmã, hirta e branca, no meio do nada. Por segundos, julgo, senti-te triste e só. Trouxe-te para a minha cama, senti teu corpo deitado perto do meu, mas não me deste espaço e eu sugeri a cama grande do meu passado. Então o sonho acabou e guardei uma tristeza parecida com a tua, uma leve dor em mim pelo teu sofrimento ou pela tua ausência. Não sei.Talvez sejam lágrimas contidas, gritos não gritados, algo que te devo ainda sem conhecer o passado que nos uniu. Estes pensamentos causam dor mas senti-la liberta-nos para a Luz.
Sobre a pequena família que tenho nunca falei. Somos poucos e pelo casamento. Mas tenho e com amizades fortes, conseguidas através dos anos de convívio. E agora mais esta alegria pela menina que vai nascer em fevereiro. Só ontem tive a boa notícia pois nem os avós sabiam que tinham uma neta a caminho. Numa família de cinco homens será a "menina nas mãos dos bruxos". Eu serei a bisavó se viver até lá. Vou "lutar" por isso, cuidando mais de mim.