É com esforço que leio tudo que desperta a minha curiosidade. Jornais leio pouco mas aprecio reportagens sobre ciência, entrevistas a pessoas que admiro ou não gosto e livros que ensinem coisas uteis, em áreas sociais e espirituais. Claro que a minha visão de utilidade é restrita e está de acordo com os conhecimentos que tenho. Sei pouco porque quanto mais sei que sei, mais sei que não sei. E tenho tão pouco tempo para aprender tanta coisa fantástica que está ao meu dispor... Ontem aprendi alguma coisa sobre a natureza, na sua expressão atómica, ou seja, a constituiçao das moléculas que estão na nossa existência. Um estudo maravilhoso que eu temo esquecer. E assim vão os dias, por vezes cheios, por vezes tristes, que a velhice é mesmo dificil. Só vivendo, só sentindo.
A noite chega cedo
e com ela o medo.
No escuro há ruidos,
há olhos baços
e o frio de abraços
que não existiram.
E o medo e o medo
de sentir o tal medo,
aquele que chega
quando a noite vem cedo..
Menina formada
em Anjos da Guarda,
menina que chora
e ainda implora
à nuvem que passa,
nariz na vidraça,
a chuva caindo,
que a Mãe venha vindo
em sonhos beijá-la.
Fui falar de animais domésticos a uma creche. Ouvintes tão pequenos e tão atentos encheram-me o coração. Lembrei gestos e dialogos que aprendi quando era como eles são agora. As histórias perderam-se nos gritos e no querer fazer igual, aquela e singela ansiedade que invade a infância quando pergunta vezes sem conta até ter resposta. Elogiei a professora pela paciência e carinho. Lidar com cerca de vinte meninos e meninas de três a cinco anos e de forma que eles gostem da escolinha, é quase um milagre diário. O que me fez rir, foi quando um menino perguntou quantos anos eu tinha e eu disse - oitenta e seis - e todos ficaram em espanto. Ninguém entendeu. Porque, simplesmente, eles contam até dez.