A nossa nave espacial, onde todos viajamos à volta do sol e nem pensamos que o transporte se desloca a milhares de quilometros por segundo, voltou a um principio/fim que a humanidade estabeleceu como certos. Marcou-se um local e a respectiva hora e como a "nave" é superior aos nossos conceitos continuou como sempre foi. Assim passou 2016, festejado que foi como sempre sâo os anos novos.. E se a nave fosse mais rápida de ano para ano? Ou o contrário? Como seriamos nós e onde estariamos? Gosto de pensar nestas hipóteses porque faço ficção cientifica como se sonhasse. E sonhar é bom e imaginar ainda é melhor. A criatividade é uma Graça, é um átomo divino inserido em todos os humanos. Desejo, por isso a todas as pessoas, que se inventem e se divirtam com as Graças que a Vida lhes deu.
Folheio o tempo como um livro precioso, onde as páginas mostram os locais vividos através dos meus sentidos. Vejo-me numa paragem de autocarro, vibro com o odor do bom café de Timor, servido na Casa Chinesa na Rua do Ouro, sinto a vibração do velho cacilheiro até Cacilhas, para almoçar a caldeirada no Ginjal, tudo guardado no livro do tempo com alegria e amor pela vida. Encontro páginas em branco e outras com as desilusões e traumas e algumas traições cuja amargura ainda prevalece. Também me vejo a errar no juizo e no engano. E, folhiando o tempo, eu agradeço as boas e as más horas que vivi, muito solitária mas muito amada também. Solitária porque me responsabilisei por todos os actos que pratiquei, deixando as consequências servirem de lição.E continuo a preencher o livro até que o fim seja real. Por agora, de tanto imaginar, até parece que já o conheço. Graças à memória, tudo é praseiroso, tirando o melhor de situações duvidosas. Em família, com a Patricia ainda a crescer no milagre da Vida, estive feliz.
A transformação do Natal com o Presépio e todos os seus mitos, deu-se nos EUA com a publicidade que a Coca cola fez, criando um velho de barbas brancas, nascido na Lapónia, que oferecia um saco cheio de garrafas a quem encontrava pelo caminho. Pouco a pouco melhorou o cartaz até atingir a figura que hoje conhecemos. Inventado o Pai Natal, que para muitos críticos nada tem de espírito natalicio, pois apenas atrai o consumo, com algum cinismo à mistura, anexaram-lhe o antigo bispo de Myra, situada na Asia Menor, onde hoje é a Turquia. Foi um homem tâo bom que a Igreja lhe atrbuiu a santidade. Faleceu no sec. IV e os seus restos mortais estão em Bari, na Itália. Portanto, podemos perguntar, o que tem em comum o pai natal vermelho e branco com um homem bondoso, a quem são atribuidas graças e talvez milagres, nascido há 17 séculos? Aqui entra o meu medo e quase raiva ao poder do dinheiro, da publicidade e da ignorância. O Natal não é isto. O Natal é a Vida Nova, a alegria, o amor. O símbolo é outro, nunca uma loja cheia para comprar bens que não enchem a alma.
Assim me perguntava o meu Pai quando eu me metia em sarilhos. Fazia tudo para que a decisão fosse minha. Não sendo, muitas vezes ficava por resolver, explicando que cada coisa tem o seu tempo. Muitas vezes percebi que todo ele era dúvidas, ignorância e uma certa preguiça perante a minha pressa em resolver e fazer. Essa pressa ainda hoje me atrapalha, pois para mim é tudo para ontem ou já é atrazo. É defeito e tento corrigi-lo. Mas "o agora" é mais importante. Hoje sei como tudo pode ser mágico ou noutra perpestiva, ser uma tristeza. Vivo na primeira. A magia abarca o local, os contactos, as distrações e tudo que eu queira imaginar. Há pouco utilizei o Sikpe para falar com uma amiga que vive longe. Ter estas facilidades e viver nelas é mesmo magia. Também é magia ter a mesa posta e o prato cheio. E é magia criar magia em cada "agora" que estou vivendo.
Os meus dias decorem entre um sono e outro sono. Oito horas dormindo. Cada amanhã é imaginado como util, dentro do que ainda quero provar que posso fazer. Mas já se vai tornando dificil concretizar este sonho. Sinto me menos ativa e menos criativa. O tempo parece mais veloz. Tenho mais vontade de nada fazer, olhando apenas. Mal acordo analiso o corpo. Meço a glicemia, leio a pressão arterial. Depois preparo a roupa do dia. Pequeno almoço, dois dedos de conversa. Por vezes arrumo a cama e depois decido como fazer para me sentir bem. Se escrevo, se leio, se custuro ou desenho ou pinto. É aqui que passa o tempo. Logo é a hora de almoço, que adoraria ter confecionado. O meio dia já chegou na sirene dos bombeiros. Daqui a meia hora é servida a refeição para os apressados. Abro a tv e a manhã passou. O que escrevi não é bonito nem feio, é uma pequena vivência descrita por um velho solitário.