Como todos os que escrevem também eu falo de mim em cada palavra, em cada frase. Há uma varidade de situações que misturam o real e o imaginário, não sendo possivel, por vezes, assumir o que já se conhece. E como a distância, no tempo, altera o que foi, é o imaginário que prevalece. O tempo do tempo habita em mim como um cavalo à solta, dentro dos escassos limites de que disponho. Assumidamente procuro a porta no meu interior que me leve à descoberta desse campo imenso que a todos nos liga ao infinito futuro/passado, como os contos de fadas e duendes dos livros de outrora. Para iniciar um novo livro disponho de um projeto, que o tal tempo dentro do tempo talvez não permita concluir. A saúde vai falhando, a disposição também. Freio no cavalo não é possivel. Apagar a esperança também não.
Quando converso com alguém, conversar mesmo, não sei distinguir se o meu prazer é ouvir o outro ou ouvir-me. O egoísmo natural que nos faz vaidosos de nós mesmos, é em mim exagerado e dificil de controlar. Fico triste e acuso-me de egocentrismo por querer usar na conversa assuntos que me são agradáveis e nada dizem às pessoas presentes. Tento corrigir esta falta de delicadeza, o que me leva a um silêncio parecido com "fim de conversa" ou falta de interesse pelos assuntos focados. Como eu gostava de saber corrigir o que tenho de errado neste labirinto que são as releções humanas...!
Foi impresso o terceiro jornal, cujos conteudos, muito variedos, permitem uma leitura leve e interessada.A ideia de obter de muitas pessoas o que cada um pode dar, desde anedotas, poemas, desenhos, pequenas histórias de vidas e até conhecimentos cientificos, enriqueceu o projeto e colocou nas mãos dos responsáveis várias formas de concretização. Não quero citar nomes, pois não estou autorizada para isso, mas deixo aqui, em lugar público, a minha homenagem e o meu agradecimento pelo trabalho. Também eu vou procurar contribuir para que o Clubissimo seja uma referência no ambiente que todos disfrutamos.
O Ser que há em mim quer utilizar o corpo que habita como o fazia há décadas: andar firme, fazendo parte do chão mas livre, ondulante, firme. Hoje, concentrada em cada passo, verifico como o corpo não obedece à firmeza do pensamento, procurando antes o equilibrio necessário à tarefa que lhe é imposta. Antagónicos, corpo velho e Ser intemporal, procuram com sabedoria e respeito, levar até ao fim esta união de Lei, pelo menos dando os passos necessários ao movimento. Permitir ao corpo, ajudando-o, a gozar este lado da Vida.