Podem ser letras. Talvez palavras. Se houver ideias, que tal celebrá-las em textos? E vamos vivendo enchendo páginas, tecendo um livro fantasioso com o objetivo de ser lido e quiçá, apreciado. A pobre vaidade humana deixa assim passar os dias, julgando que é útil para si esta forma de se realizar. Quanto mais me analiso e procuro a tal vida útil, mais me distancio destas atitudes. Mais me sinto vazia. Porque eu sei que não são estes os caminhos que me levam para Casa. A Casa de onde vim para ser algo que não sei se fui e fazer algo que não sei se fiz. Cegueira completa para estes olhos. Talvez luz quando ali chegar. Faz-me bem dar alguma poesia às letras, às palavras e às ideias e assim concluir mais um texto onde desabafo a dor de não saber o que sou.
Verifico que há milhares de pessoas a escrever na net e muitos fazem-no para ganhar dinheiro e notoriedade. Como não sei como se faz, deixo aqui a vontade de aprender. Não pelos motivos que indiquei mas pela curiosidade que o assunto desperta. Atacam na política, na vida pessoal, na culinária, nas relações familiares, etc etc.E porque se ganha dinheiro com isto e porque se é notável por isto? Sei que também se faz publicidade a coisas de uso pessoal e admito que seja uma forma de chegar ao deus-dinheiro. Embora todos saibamos que há mais mentiras do que verdades neste mundo subterrâneo, deverá haver regras para atingir estes fins. É tudo muito confuso para mim. Eu escrevo por prazer e nunca para influenciar seja quem for. E os poucos assuntos que eu abordo, além dos meus, são tirados do dia a dia, de forma leve, dada a minha ignorância sobre eles. Há também as chamadas visualizações, que se contam às centenas. Fico pensando como se pode viver agarrado à web a ler montes de palermices que não devem ser imitadas, nem deviam se ensinadas.
Quando acordo a manhã vai alta. A noção do corpo vem aos poucos ,porque procuro sentir como estou e onde estou.Algumas vezes há uma presença difusa que se desvanece quando tenho consciência de mim. Uma vez disse "mãe" e pasmei por isso. Envio meu pensamento para cada orgão sentindo a sua função e a pouco e pouco sei se estou bem de saúde. Eu dormi mas o corpo não. Nada falha na sua missão de me manter viva na matéria, numa programação sublime e eterna. Desperta, tento vencer a inércia que a idade traz. Depois "vejo" o dia, se é todo meu ou não. Nessas análises incluo alegrias e tristezas que já fazem parte do meu viver. As refeições são a horas certas e o vazio também. Olham por mim todos os mortos que transporto, família, amigos, amores. E por vezes trago tudo às palavras, publicamente, desporadamente.