Fico tão cansada quando faço um pequeno esforço que logo penso no fim desta longa etapa. O batimento cardiaco é inferior ao normal, que é acima de sessenta. Chego a ter quarenta e sete. Assim pouco ando, pouco falo e muito penso, muito escrevo, leio e pouco mais. Assim vou normalisando a vida, como posso e quando posso. Mas é com alegria que estou aqui, rodeada de cuidados, gestos amorosos, conforto total. Quem me dera que todos os velhos tivessem metade do que eu tenho. Seriamos todos gente feliz. Mas não pensamos de forma a que isso aconteça e são os pensamentos que criam as obras. Mais não cabe aqui dizê-lo. Ai coração....
Como é viver com os pés na terra e a cabeça no céu? Tem horas difíceis, quando se confundem as ideias e até as pessoas com quem se está. Basta uma palavra que caia para um dos lados para alterar o discurso. Parece aleatório, falar disto ou daquilo em tons despreocupados. Mas os assuntos são, por vezes, socialmente sérios. Respeitar o outro ou até amá-lo, leva-me a entrar no meu céu e a falar linguagens deconhecidas de muitos. Entre todos há muitos pontos comuns mas as diferenças são evidentes quando é motivado o dinheiro como regente de vidas. As viagens, as posses, os apelidos, etc, etc, e a evidente indiferença perante situações opostas, levam-me a tentar uma alteração no preconceito social que nem sempre é compreendido. Aqui me perco, no chão ou na nuvem? Vale o silêncio, sempre em silêncio.
Tenho sono mas estou à espera de dormir. Enquanto penso nisto e naquilo surgem as palavras com ideias. E vou compodo as frases, decoradas até hoje. Palavras e sons dentro de mim, cheios de ontem, muitos ontens, com tanta gente sem nome mas ainda com rosto, vultos que se movem.
Quero um vestido colorido.
Olhar o espelho como olhei outrora.
Sentir na boca o beijo consentido,
nossas mãos juntas como quem ora.
Cruzar a perna, o vestido ao vento,
mostrar o salto alto,
a vaidade explodindo,
enquanto a mocidade
se ilude, exibindo.
Quero o mar em mim.
Quero o impossivel no sono
que tenho.
Viverei amanhã?
A Vida é um sonho e eu vivo este sonho.
Saudade é cheiro, tato, abraço. Saudade é querer viver o que foi e como foi. Saudade define tudo, desde a alegria à tristeza. Saudade é magia que a lembrança devolve depois das lágrimas encherem o coração. A saudade é tudo que tenho para encher os meus dias, quando a tua falta me torna criança. Esta criança que guardo em mim e que sente o teu abraço protetor. Saudade também pode ser um sentimento que nos confunde se não soubermos amar a Vida como um processo que não tem fim. Pela estrada do Amor te encontrarei, MÃE.
Sabe bem quando expomos ideias que dão argumentos aos leitores para escrever sobre elas, expondo também as suas. Assim, permite soltar sentimentos que, amordaçados, fazem um nó no peito. E por vezes vão sufocando em dor. E como há pessoas que vão guardando essa dor com medo de a iluminar com a luz da liberdade, só na escrita quase secreta se atrevem a xepor-se. Claro que há segredos nas nossas vidas que não se divulgam, mas desses podemos tirar conclusões que servem de mote ao tal processo que toda a vida é. A isto se pode chamar experiência, aprendisagem, etc. Cada um aprende de sua maneira, por isso temos resultados diferentes. Eu aprendi cedo que a minha vida é da minha inteira responsabilidade. Mesmo vivendo em família e depois socialmente agregada, eu escolho o meu caminho. Umas vezes bem outras mal, só eu sei porque foi assim, aceitando todas as consequências. Esta atitude permite olhar de frente o caminho. Não há culpa a apontar aos outros, porque vivem o mesmo dilema. Está tudo dentro de nós. É lá que nos encontramos.