Todos os dias penso em textos que destino a imprimir. Mas também penso que tudo isso é uma despedida e que nada justifica manter a ideia sobre o valor das ideias e das palavras usadas. Assim deixo passar as horas e nada acrescento ao que já escrevi. Olho o jardim, pego num livro, relembro a vida, etc, etc. E aos poucos vou indo, amando a vida, querendo aprender coisas novas, algumas incompreensiveis para mim. Leio artigos sobre a inteligência artificial, sobre astronomia e muitos assuntos que me deixam estarrecida. Como será o trabalho no futuro? E a noção do tempo? E as distrações? Estas grandes empresas que manipulam o mundo com homens de muitas nacionalidades terão capacidade de gerar o bem comum? Haverá um Governo para todo o planeta? É com amor que desejo o melhor para todos os seres vivos neste lar de todos nós.
A garota Mariana que me ouviu e muito preguntou na hora da partida para o seu Brasil e assim temos continuado trocando mensagens, é agora minha neta, mais uma na minha lista de netos achados e perdidos, com muita pena minha, pois a amizade por todos ainda perdura. Para todos fui avó de dádivas e aconchego mas os interesses foram mais fortes que o amor. Paciência!. É necessário estar preparado para golpes inesperados e aprender com eles. Mas vejo que não tenho cura e dou sempre muito de mim. Neste caso tudo é distância, embora eu ame o Brasil como se lá tivesse nascido em outra vida. Quero ajudá-la no seu desejo de voltar e estudar em Portugal. Viverei para mais uma vez ser útil?
Quando estamos vivendo a juventude, preparando o futuro com amor por nós e por todos, incluindo a Terra, nossa Casa, sofremos emoções e indecisões profundas, temendo errar, temendo perder o que já temos e amamos. Manobrando as dúvidas está o medo, que pode ser terrivel se não confiarmos em nós. Sendo o medo o inferno do Homem, cada pessoa constroi esse inferno de acordo com as suas forças e fraquesas. Os caminhos que se vão abrido não são fáceis para ninguém e ai de quem segue conselhos alheios deixando para trás o que lhe diz o próprio coração. Só este tem a intuição que nos leva à decisão certa. Parar e sentir. Vigiar e amar. Responsáveis somos pela vida que temos, respeitar-mo-nos e respeitar o outro, aquele que vive connosco e do qual todos precisamos. A mocidade passa por tudo isto, melhor ou peor. Mas a Vida é soberana e ajuda-nos a chegar aqui. Da avó para uma neta distante, que está decidindo o futuro.
No resguardo. Sem jardim nem varanda. Apenas paredes e ar fresco, viciado. Não adianta lamentar o óbvio perante a natureza que nos sugeita a extremos. Escrevo para evitar dormitar nesta manhã morta de esforço. Vou lembrar aqui um anseio de juventude, subtir uma montanha. Integrada naqueles grupos que, de cajado na mão, vão desvendando os caminhos e saltando nascentes. Amando cada planta, árvore ou canto, aspirando os perfumes da terra e da vida. Fica o sonho. Agora imagino a subida dentro do poder de criar. Este poder que todos temos à imagem e semelhança do Criador. Bastar entrar em nós e querer. Como é bom elevar o Espirito até à Energia que tudo cria e tudo transforma!