É dificil escolher o assunto quando não há sol a iluminar o espaço de que disponho. As nuvens pesam sobre mim, o vento é brisa e o ar é húmido. Não sei chorar. Não tenho lágrimas. Mas estou cheia dessa água bendita que alivia a dor quando vertida. Os olhos secos são resultado da doença e da idade, mas as lágrimas, quando existem, lavam o coração se lavam os olhos. Os poemas que escrevo são as lágrimas que a alma me envia para sentir a dor de estar só, com a saudade de todos que me deixaram e levaram consigo o choro e o grito.
Ai, se eu tivesse asas !
Ai, se pudesse voar.
Ìa levada no vento
Até o sol me queimar.
Aí, se eu fosse criança.
Numa roda de mão dada,
Ai, se tivesse a esperança
Que sentia quando cantava.
Não me iludia agora,
Criança velha, velha criança,
Que roda roda em cada hora
Buscando a esperança
Que vai embora.
,Mudam as atitides porque mudam as pessoas na sua forma de viver em comunidade. A promessa, a responsabilidade, o contacto em privado, tudo isto se confunde numa amálgama de egoismos que me deixa abismada O trabalho também se vai alterando de modo que os objetivos alcansados são, para pessoas com a minha idade, incompreensiveis. Sinto-me analfabeta e paralisada quanto ao modo de viver o dia a dia. No entanto, agradeço viver estes dias por tudo que compreendo e que vejo, mesmo sem entender. Por tudo que usufruo, por tudo que ainda aprendo e por tudo que sei amar.
É só do coração e é muito. A herança foi do companheiro de vida. E assim se une familias que o amor consolida. Os netos e a bisneta, na idade das graças e da traquinice, encheram o meu dia. Quem será esta pessoa? Porque chegou a esta familia? Talvez seja um ser superior que traga valores e atitudes necessárias à época que está para vir, ou não. Só ela sabe sem saber. O mistério é denso. E em cada vida se vai definindo na forma como se escolhe vivê-la. No principio tudo é brincadeira e aprendisagem. Colo, acochego, papa. Foi uma tarde linda com a Patricia. Consolou-me.