Foi de cetim a pele que ainda tenho.
Foi cetim de ouro, de sol e de sal.
Foi brilho de joia nova.
Depois foi rocha,
guarda da luta de viver.
Foi de cetim, de lábios e de dedos,
foi pele de deusa, fruta sumarenta.
Foi apenas pele. Pele de toda a gente.
Hoje é do tempo, é cetim rasgado
e pronto a ser desfeito pelo vento.
Na minha idade todo o afeto é benvindo. Pode ter um abraço apenas, com poucas palavras que me envolvam no seu significado. Mas quando tudo isto se conjuga com a alegria da juventude, o prazer do bom repasto e a amizade de quem me recebeu, posso sentir que tive um dia feliz. A vida de toda a humanidade é feita de horas boas e horas más, consoante cada pessoa, as suas experiências e a sua noção de felicidade. Para mim, que sou um pouco doida, é mais fácil sentir-me feliz. As minhas horas amargas são vividas e choradas entre mim e eu, na forma e hábito de ser só comigo. É paradoxal toda esta forma de viver, eu sei, mas só assim sou eu. Resumindo, agradeço e retribuo em amor.
Dias tristes, mais motivos para chorar. Mas os olhos secaram há muito e hoje apenas a tristeza me acompanha. Perdi algo importante para mim, por ter sido herdado dos que amo. Fora de nós tudo é possivel, dentro de nós nada é impossivel, porque o comando está dentro e não fora. Depois de ter comunicado à PSP o prejuizo e anulado os cartões, só me resta obter tudo de novo e esquecer. O que não tem remédio, remediado está. A joia seria de alguém um dia e o dinheiro também. Meus são os meus valores, os meus pensamentos e as minhas ações enquanto aqui estou. Tudo é usufruto. E a alegria de viver continua comigo.
e no silêncio agradecer e meditar e adorar a energia. É dia de olhares o tempo, adorando o infinito. Hoje é dia de tudo o que haja de subjetivo na terra. O que não tem nome. O que não tem idade. O que não tem forma. Hoje é o dia de alguém que já sentiu e acedeu a algo maravilhoso. Só esse alguém pode saber.)Este pequeno texto não me pertence, mas encontrei nele tanta beleza que quase o transcrevi. Tirei dele o que mais me tocou. Vou meditar e procurar a Voz que o ditou.
Quando em 1946 foi instalado um telefone na minha casa o espanto foi imenso. Vieram vizinhos, depois as chamadas e as campainhas estridentes. E o orgulho do ter uma forma de viver moderna foi um alento para todos. Mas a seguir veio o frigorifico, um mastudonte a ocupar a pequena cozinha. E as novidades não paravam. Desde a água quente vinda dos canos até à panela de pressão, que cozia o polvo em quinze minutos. E o tempo foi passando naturalmente, trazendo cada dia novos objetos que nos deixavam felizes. A vida modificada não tem paralelo com a que encontrei quando cheguei a este mundo. Eu acho divertido confrontar as minhas lembranças e pensar como vejo tudo de cima se souber dominar um drone. Que século maravilhoso este que estou a viver, mesmo sendo uma poça de sangue e sofrimento.
Não quero aceitar as grades que vão surgindo, nem os pequenos passos, nem o medo de ser só. Não quero limitar a minha vida criando barreiras ao meu dia a dia. Muitas são barreiras físicas, concretas. Aí peço ajuda e o amparo aparece, sempre solicito e amigo. E algo vou fazendo, com gratidão e consciência das minhas ações. Estou disposta a saír, sem medo de andar sózinha, para fazer compras e almoçar comida a gosto.O meu Anjo é forte e vela por mim. Se duvidam do que eu digo, esperem para ver. Até breve. Talvez amanhã.