Há os que usam. Há os que abusam. Aqui há de tudo e até há pessoas que não fazendo aparentemente nada se queixam de tudo. Eu não sei se estou certa na observação que faço ao que se vai passando, mas não deixo de comentar para mim as formas que cada um escolhe para viver a sua vida. Os lamentos de domingo são o resultado da ausência de dirigentes que ouçam e ou resolvam problemas leves ou outros, como aparelhagem que avaria, mas que é necessária aos utentes. Assim, bebe-se quase frio o café da manhã, não há laranja esprimida por não haver aparelho apropriado. É a primeira vez que uso o blog para desabafar acontecimentos caseiros. E se uso e não abuso, é por estar cansada de falar sem sucesso.
A criança que fui ainda é comigo. Juntas e fiéis nos confrontamos perante a responsabilidade da vida. Como criança me acalenta, brinca e veste as personagens que vou representando, umas vezes mal, outras verdadeiramente bem. Porque nos valemos do passado? Eu não quero voltar à infância, apenas visitá-la e chorar a dor que lá ficou colada à família, aos espaços e às escolas. Também aos amores, também às tristezas da pouca idade. As falas que trocamos são dolorosas, mas compensadas pela sabedoria de velho. Adiciono a tudo muitas conquistas atuais, muitas palavras de amor que vou recebendo sem esperar. Eu e a minha criança vivemos em paz. Partilhamos a Alma como casa e algum saber como alimento. Este poema lhe dedico. Seremos muitos mais na Casa Grande.
Aperta-me o peito a tenaz do tempo.
Deixei para traz todas as ossadas.
Guardei para mim este sofrimento,
os rostos, as vozes e as risadas.
Há ondas de alegria enleadas na dor,
como se a Vida me levasse ao vento
de todas as tempestades sem amor.
Aperta-me o peito a tenaz do tempo.
Nada sei de nada no momento.
aqui tudo é fitício. Falo de respeito, bondade, deveres, acompanhamento, etc, etc. E falo do que vejo e também do que sinto. Claro que não vou descrever situações, algumas embaraçosas, que vou memorizando dia a dia. Mas posso anotar a dependência de muitos utentes que aguardam auxilio por tempo exagerado. Cada vez há mais doentes, com muitos anos de vida. Cada vez o auxilio é menos qualificado, com pouco pessoal que possa cobrir áreas de trabalho como as que lhes é pedido. Tudo é ordenado de cima para baixo, sem uma opinião de quem aqui vive e que tudo sustenta. Dias como os de hoje, com fim de semana ligado a feriado, não há supervisores, nem orientadores para qualquer emergência ou até para mostrar o rosto de um responsável.