Doente, perto da exaustão, a Mãe Terra colocou a humanidade em casa para poder recuperar do sofrimento que lhe era imposto. Agora respira. A poluição do ar causada pela aviação, os grandes movimentos de pessoas por todo o mundo, a alimentação exagerada, o luxo e a pobreza frente a frente, as doenças em grande aumento, umas por excessos outras pela falta do essencial, tudo se conjugou para que a natureza desse a sua sábia lição a quem julga que é dono e senhor da Vida e de tudo que a compõe. E nada será de novo como já foi. Daremos mais valor ao que nem tem preço, voltaremos a viver de forma simples, porque os valores serão outros que não ter uma grande casa ou comer em grandes restaurantes, pelo prazer do "Ter" esquecendo o Ser que somos. Respeitar a Vida e Amar e ter esperança que a humanidade entenda os avisos que estão chegando.
Estava escrito, como dizia a minha Avó, quando algo terrivel nos caía em cima. Assim parece ser, pois não nos livramos de viver e sofrer o que a natureza tem destinado para a humanidade. Parecem lições de vida, tendo em conta o egoismo e a indiferença como a Terra era tratada. Por agora estamos quietos. Que o medo é que guarda a vinha.
Os dias estão bons. Temperaturas amenas, algumas nuvens apenas. Escrever sobre o tempo é como brincar com as palavras. Assunto superficial porque não tenho conhecimentos que garantam o que exponho. O vírus parou o mundo. A humanidade está a resguardar-se, talvez meditando sobre o certo e o errado. Chorando os seus mortos, guardando os seus vivos, ligando-se ao invisivel com esperança de melhor vivência, eis o Homem na Terra que julga sua tanto para viver como para a sugar. E para quê? Para comprar, usar, deitar fora inertes que apenas dão prazer em minutos e logo são lixos sem lugar ou espaço. O vírus talvez seja outra oportunidade para salvar a Nossa Casa.
Eram todos os lugares à mesa.
Os pratos tinham o sabor de Mãe.
Era o verão entrando pela janela,
Era na rua o pregão de álguem.
Era o brincar de quem não sabe como.
Eram as vozes de quem manda quem,
Eramos nós crescendo para tráz ficando,
Era a vida dura para quem não tem.
Era a memória a insistir lembrança,
Sou eu agora a viver criança.
É uma dor suave, é uma voz que chora, é algo que me devora, parecida com saudade. Sinto o medo, a melancolia que transforma o rosto e o olhar. Posso definir o sentimento de tristeza em dor de alma. Não sei como é a alma, mas se vivo nela, ambas sofrem.Dias tristes por todos nós. A Natureza está mais uma vez a corrigir os nossos erros. No silêncio do nosso Ser devemos encontrar a cura para salvar a Terra e muito da humanidade que estava e está vivendo o seu lado de matéria sem querer pensar que é muito mais e que a Vida é muito maior.
Descrever o meu tempo é dificil por estar a sentir a verdade e a mentira que dele fazem parte. Mas falar do tempo dos outros já parece mais fácil porque a distância ignora as emoções que o tempo nos sugere. Nas atuais circunstâncias, em que as noticias se atropelam, cada pessoa tenta o melhor para proteção de todos, pois é a única forma de proteger o seu mundo. Contamos o tempo mas poucos o ligam aos acontecimentos do passado. Está tudo ligado, desde as novas tecnologias, até às pandemias que cobrem o planeta há muitos séculos. Foi a" pandemia " das guerras declaradas, depois da fartura, da loucura dos egoímos, das multidões alienadas perante sons e gritos nos festivais, o conluio do dinheiro como meta de vida e muitas mais que arrazavam a Terra e quem sabe, outros planetas. Neste meu tempo, leio o tempo como ordem natural e necessária. Os aviões pararam, a humanidade recuou. Tem medo e motivos.
Não sei o que dizer em ligação ao título porque este surgiu ao olhar o jardim. O verde da relva e algumas esterlícias, trouxeram o desejo natural de ver mais flores, sentir perfumes e suaves temperaturas. Afinal tudo que procuro para embelezar o que necessito viver. E se escrevo sobre estas coisas simples é para animar a minha alma, para amar mais ainda tudo que me rodeia e deixarei em breve. Este mês de Março foi sempre importante na minha vida. Quando há poucos dias estive em despedida pensei que era mais um dia ligado ao tempo que estava vivendo. Espero sem medo e continuo como sou.
O encontro comigo é lento. As forças são poucas e a vontade / poder não parece alterar a situação. Não era a hora de partir, enganei-me. Afinal é tudo diferente. O horror da falta de oxigénio foi uma nova aprendisagem. Quando chegou o INEM e me colaram a máscara e pude respirar, abriu-se o céu. Então nasci para completar a missão terrena. Ainda sugeri morrer aqui mas fui logo contrariada. O Hospital me recebeu bem e bem me devolveu a esta vidinha tosca. De novo eu, talvez amanhã.