Devo ou não escrever sobre mim? A dúvida é já uma parvoice e falar de mim pode ser um engano sobre o que vivo nestes terriveis dias de doenças desconhecidas. Há meses contida neste espaço agradável, não por medo mas porque não tenho amigos ou familia a quem pedir um passeio, um almoço, enfim, um alívio a esta situação de prisão. Estão receosos os velhos, que o "bicho" mata todos sabemos. Mas sendo a morte certa porque nos guardam tanto? E pronto, esta quinta-feira disse pouco.
O esquecimento é o baú das memórias. Abrimos a tampa e vemos o passado, a família, os bons e os maus momentos, os sabores, os amores, etc, etc. O esquecimento é um baú sem fundo, onde as nossas vidas se depositam sem darmos pelo seu trabalho. Mesmo quando queremos esquecer e não conseguimos é porque o baú se fechou e pronto, nada feito. Idealizar estes acontecimentos que os sentimentos comandam, é talvez a ilusão da nossa mente de que gerimos o nosso destino. E como está destinado há que cumpri-lo o melhor que soubermos. E assim vamos aos guardados para aprender de novo. Vida difícil, vida maravilhosa, mesmo cheia de lágrimas.
Tudo parou exceto o medo. Este invadiu os sonhos e cada minuto parece que nos leva o tempo, o tempo que devia ser vivido a crescer, a progredir dentro e fora de nós. Temos medo. Todo o mundo sofre e muitos que partem levam o medo consigo. Para onde? Aqui todos o ignoram. A consciência da morte é mais presente, está colada a todos por um vírus que trouxe as consequências do egoísmo, da indifrença e de tudo de mal sobre a Terra. Agora é viver esta luta, como é possivel e juntar os cacos daquilo que o vírus partiu e partirá, aprendendo a amar sem temer o que o Céu nos envia. Conforme o pensamento de cada um assim será.
Quando eu digo que tenho doenças mas não sou doente, apenas quero expressar o meu desagrado perante os lamentos e as queixas que muitas pessoas atiram sobre os que nada podem fazer para os curar. Claro que corpo velho não funciona bem. Hoje doi aqui, amanhã doi ali. Hoje sinto mais um orgão do que outro. Falo com cada um fixando a energia curativa com o pensamento. Pode parecer maloqueira mas vai surtindo efeito. Sei que cada célula é dotada de inteligência para fazer o seu trabalho que é manter-me viva, capaz e ativa. Há dias mais dificeis, é verdade. Mas tudo ainda suporto porque algo me protege.