É novembro. Dias mais sombrios, propensos à tristeza para quem o sol é fonte de quadros radiosos pintados de luz. Da janela, em situação privilegiada, posso contemplar os montes para lá do rio e, à noite, a iluminação de povoações que por aí existem. E em dias claros, também vejo o Cabo Espichel muito ao longe. Já escrevi a palavra tristeza e não quero repeti-la. Mas, por causa da ... que sinto, até o peito me doi. Ou talvez seja a alma. Não sei. Será saudade de tanta gente, de tantos abraços, de tantas vozes. Ou saudade do que não fiz! Ou talvez medo, também presente neste tempo curto. Esta poderia ser uma carta dirigida a quem me respondesse palavras amigas e de conforto, por já não ter de quem receber resposta. Assim é dificil passar a missiva, mas muito fácil verter umas lágrimas. É novembro. Um instante e anoiteceu. São horas de dar atenção a outras necessidades, que chorar não alimenta o corpo. E a carta? Como não tem destinário, nem sequer existiu. Assim é a sombra de mim.