Guardei muitas tarefas para o fim.
Em contrição me vejo sem cumpri-las.
E de tanto que ainda quero de mim,
peço ao tempo, tempo, a exigí-las.
Nelas estão uns sonhos que deixei,
algures em Artes, que ser artista
foi uma ilusão e se a neguei,
no coração ficou a chama à vista.
E outros, como núvens diluidas,
já perdidos no tempo, mas recordo
o seu conteúdo, por serem percebidas
em vontade de ser o que transformo.
E por isso escrevo como quem chora
p'las tarefas que trouxe e não cumpri.
Poderia, talvez, ter sido, vejo-o agora,
outro alguém no projeto onde vivi..