O carteiro saiu do carro e procurou a direção da carta que deveria entregar. O envelope sem remetente e sem destinatário apenas continha a morada, rua da Rosa, nº5, Lugar Sem Nome. Era visivel a porta pintada a tinta castanha, com o nº5 a branco, sobre uma lata pregada na porta. Ali ficou depositada a carta, como era seu dever e partiu. Uma mulher viu o envelope e deixou-o no mesmo lugar por não ter nome escrito como destino. Durante dias toda a aldeia viu a carta. Ninguém a levou. A mulher via da janela e ansiava por abri-la mas aos poucos foi esquecendo aquele papel envilhecido pelo vento e pela chuva. Era solteira, sem familia e toda dedicada ao amor impossivel da sua juventude. Ele, solteiro e já entrado nos quarenta, todos os dias passava na rua da Rosa, a caminho do trabalho. Ela, à janela, suspirava de dor por falta de um olhar ou de um bom dia. Ele nada dizia, timido e envergonhado. Passaram anos e a carta ali à espera de ser lida. Um dia ele não apareceu e a mulher chorou e acompanhou o seu funeral. Dias depois abriu a velha carta para se distrair um pouco. Leu, deu um grito e caiu sem vida. A carta dizia AMO-TE e assinava o nome do amor de uma vida.