Fui falar de animais domésticos a uma creche. Ouvintes tão pequenos e tão atentos encheram-me o coração. Lembrei gestos e dialogos que aprendi quando era como eles são agora. As histórias perderam-se nos gritos e no querer fazer igual, aquela e singela ansiedade que invade a infância quando pergunta vezes sem conta até ter resposta. Elogiei a professora pela paciência e carinho. Lidar com cerca de vinte meninos e meninas de três a cinco anos e de forma que eles gostem da escolinha, é quase um milagre diário. O que me fez rir, foi quando um menino perguntou quantos anos eu tinha e eu disse - oitenta e seis - e todos ficaram em espanto. Ninguém entendeu. Porque, simplesmente, eles contam até dez.