Votei. Deverá ser a última vez que o faço. Mais cinco anos é muito para o meu desejo. Não me imagino a viver tanto tempo com a degradação que naturalmente chegará. Mas esta apreciação egoista da minha vida tem muito a ver com o medo da dependência, com o medo de sofrer, com tudo que vejo à minha volta e me atorriza. Adoro viver, explorar capacidades, saborear os sentidos, ainda pouco deminuidos pela análise que deles faço. Por isso ao voto junto o prazer de votar, direito que me foi vedado por muito tempo. Agora aprecio aquela cruzinha no quadrado e vivo os resultados sempre apreensiva pela escolha feita. Todos somos responsáveis, os que votam e os que não votam. Estes viram as costas ao futuro, talvez por ignorância, talvez por não querem pensar na sua própria vida.