A cor, o brilho que se desprende de cada planta, o azul de um céu sem nuvens, o calor que nos envolve e ao longe o som do mar. Este som é o que resta na memória de tudo que vivi nele e com ele. Este ser vivo, talvez consciente de si, quem sabe, possuiu-me como um amante amoroso, mesmo quando me iludiu nesse abraço de ondas assassinas que, por pouco, não levou aquela juventude aventureira que foi a minha. Nesta amálgama de lembranças que agora vivo, o mar tem um valor importante por tudo que senti. Mesmo em dias de trabalho, esgotada também pelas preocupações da vida privada, procurava o reforço de energias perto da força e da beleza ilimitadas do oceano. Os caminhos de regresso, a pé, eram feitos de alegria, como se tivesse encontrado o meu el-dorado para muitos dias. Viver é reviver estas grandes e pequenas ocasiões, que nos enchem de sensações agradáveis, mesmo quando o tempo foi no tempo esquecido.