Tenho pouco para te dizer, visto não te conhecer. Às vezes imagino vidas, nunca iguais à minha, mas similares, orientadas para côres e formas esfuaçantes. Como desenhos coloridos com energia própria. Mas neste momento não sei quém és. Mesmo assim, quero dedicar este texto a alguém que já vivi e que eu sinto não estar longe. Há muitos anos foi lido o meu horóscopo e fiquei sabendo que tinha cumprido uma vida dedicada a servir os mais necessitados sem, no entanto, saber o porquê dessa atitude. E que para esta vida tinha entrado com energia bastante para idealizar uma obra. Quando soube desta capacidade já estava na casa dos sessenta anos. E dessa leitura, da qual possuo uma gravação, também vi e ouvi, que apenas tinha gasto pouco do que me fora dado. Porque o mêdo me tolheu e o egoísmo também. Algum orgulho insensato, muito próprio da juventude. Só agora, às portas de Casa, te estou a reconhecer sem nada saber de ti. Surge-me a cor verde e por esta vou até ao chacra do coração. Afinal sempre nos encontrámos, ser imaginado e já vivido.