Quando acordo a manhã vai alta. A noção do corpo vem aos poucos ,porque procuro sentir como estou e onde estou.Algumas vezes há uma presença difusa que se desvanece quando tenho consciência de mim. Uma vez disse "mãe" e pasmei por isso. Envio meu pensamento para cada orgão sentindo a sua função e a pouco e pouco sei se estou bem de saúde. Eu dormi mas o corpo não. Nada falha na sua missão de me manter viva na matéria, numa programação sublime e eterna. Desperta, tento vencer a inércia que a idade traz. Depois "vejo" o dia, se é todo meu ou não. Nessas análises incluo alegrias e tristezas que já fazem parte do meu viver. As refeições são a horas certas e o vazio também. Olham por mim todos os mortos que transporto, família, amigos, amores. E por vezes trago tudo às palavras, publicamente, desporadamente.