No interior do tempo, procuro encontrar aquela parte de mim que eu desejava ter sido. Agora vejo o vazio do muito que perdi. Os projetos de vida esbateram-se até ao zero. As esperanças também. Fiquei na sombra a ver a luz iluminar outros eus. Todos somos muitos em cada um, mas poucos o sabem. Dependemos das escolhas e da hora que o tempo determina. Apenas pisei o chão de cada entrada e o medo de seguir em frente foi fechando as portas. Assim fui o eu mais cómodo, mais simples e fui ficando. Ouço-me a aceitar o que está, pois o que está escolhido era para mim o possivel, naquele tempo. Talvez seja assim, pensando na época em que as escolhas se deram. Cada ser humano é um potencial de atitudes e opções imenso, que só a experiência dá a conhecer. E por vezes é apenas um aperto no peito, uma ângustia que se cola e não diz porquê.