Gritos. Vozes exaltadas. A velhice doi e chora. Clama pela morte. Ela não vem. Vem a enfermeira e auxiliares. Há quem continue a conversar, talvez para manter a calma. Não por indiferença, mas para que a sala de refeições seja um exemplo de boa educação em sociedade. Caiu o silêncio. Tudo normal. Falar e rir em cada mesa. Eu estou só num lugar e conhecendo quem sofria, o coração cresceu pela piedade, enquanto o pensamento se retorcia entre o medo e a certeza do que virá um dia. Até porque sei que a reação violenta tinha origem em dores de família. Toda a tarde tenho tido esta lembrança. São espelhos que servem para manter a humildade na existência de todos e cada um.