A proteção sempre me incomodou. Agora fico sem ar. Há muito vento frio e alguma chuva. É inverno e guardo-me dentro de casa, onde tenho tudo que possa vir a necessitar. Mas o amor pelo ar livre, por passear, por ir para uma esplanada, bebendo o café que os portugueses adoram, seria agora uma felicidade. É passado que revejo com saudade. Já foi. Resta analisar a nova vida, tanto aqui dentro como lá fora. A nova forma de viver, de encarar cada dia como se fosse o último. Gastar o que há e o que não há, em dívidas e promesas falsas. Há filhos de casais separados e filhos de uniões do mesmo sexo, juntos na mesma casa que nunca será um lar. As mentalidades em desenvolvimento tendem a isolar-se, muitas sem conhecer o amor da família que a nova sociedade desconhece. É a visão de um velho que cresceu no meio de imensas regras, algumas sem explicação racional. Apagou-se o mal, mas o bem também foi na enxurrada. Penso eu.