Há uma sensação de espanto perante os noventa anos mais os nove de gestação. Este coração remendado com o mesmo pano velho, continua no seu papel de bomba transportadora de um sangue ainda saudável. Mesmo com muitas fragilidades, não sou doente. Recupero de todas as mazelas para agradecer à Vida tudo que me é dado, mesmo sem pedir. Não tenho direitos porque a vida nada me exige. Dou o que posso e o que sinto de mim para fora de mim não é cobrável por ninguém. Mas dos outros muito recebo, mais de bem e também há dores, talvez imaginárias, em horas de triteza. Mas tudo se vai equilibrando até que chegue a justiça de todos nós.