Quando em 1946 foi instalado um telefone na minha casa o espanto foi imenso. Vieram vizinhos, depois as chamadas e as campainhas estridentes. E o orgulho do ter uma forma de viver moderna foi um alento para todos. Mas a seguir veio o frigorifico, um mastudonte a ocupar a pequena cozinha. E as novidades não paravam. Desde a água quente vinda dos canos até à panela de pressão, que cozia o polvo em quinze minutos. E o tempo foi passando naturalmente, trazendo cada dia novos objetos que nos deixavam felizes. A vida modificada não tem paralelo com a que encontrei quando cheguei a este mundo. Eu acho divertido confrontar as minhas lembranças e pensar como vejo tudo de cima se souber dominar um drone. Que século maravilhoso este que estou a viver, mesmo sendo uma poça de sangue e sofrimento.