Depois de ler o que vou escrevendo tenho a tentação de apagar parte, para descer à terra e esgravatar no passado onde estão os primeiros passos neste mundo maluco da invenção. Muito longe, em outro século, escrevia cartas de amor sem amar, peças de teatro sem ter visto qualquer representaçâo, cantares para entreter os avós e as tias e por fim chamavam-me mentirosa por teimar que tudo era vivido. Entre uma mentira ou outra, eu criei sempre o meu espetáculo baseado no que ia observando. Brigas de irmãs, intrigas de criadas, títulos de jornais, etc, serviam perfeitamente para imaginar situaçôes que irritassem alguns adultos. Só o Avô, sempre do meu lado, me gabava e encorajava. Quem dera ouvir de novo aquele riso, cheio de malícia.