A vida deu-me a função de avó sem o ser. Entre netos por lei e netos por afeição fui acolhendo de braços abertos alguns familiares e netos de gente amiga. Na confusão entre velhos e novos, fui fazendo o que devia para dar amor e ajuda. Todos pareciam ligados a mim, conforme a educação que lhes era dada. Passados anos entendi como eram fracos os laços que eu julgava para a vida. Os interesses suplantaram o amor que diziam existir. E quando deixou de ser útil o contacto, este acabou. Doeu, claro, doeu. Dez anos passaram sem que nada nos unisse, dexando para traz a mão quee lhes abriu caminho. Mas ainda há quem me chame avó, gente pequena e gente grande que pede sem pedir e necessita da avó para se manter vivendo. E ainda tenho a alegria de receber belas palavras de uma neta brasileira, inteligente e linda, com quem troco mails e fotos. Se nada é por acaso, qual será o motivo que nos une?