Este ser que julgo ser vem de longe, onde já fui outro alguém, embora seja o mesmo. Estive a ler Fernando Pessoa e também penso sobre a sequência da vida, não só como seres conscientes, mas tabém como seres que dia a dia se transformam, sem disso terem uma noção concreta. A minha alma, onde penso, decido e escolho os caminhos para ir vivendo e o corpo, com as suas células inteligentes, que nascem e morrem aos milhões em cada hora, não me dão sinais da sua presença e eu, na minha ignorância, vou perpétuando a ideia de que sou algo de decisor aqui, enquanto mundo. Eu ontem já fui outra e amanhã não serei igual a hoje. A morte é presente em cada minuto por ser a vida em transformação. E como nada se perde, este ser que julgo ser também se transformará. Tudo o que fica pensado e escrito pode, amanhã, ser poesia.