Dias e dias ausente de mim. Preenchi as horas como se fossem de outrem. Não sei se o corpo e só ele, se manifesta por si só, sem projeções de alguém que fui ou serei. O que me pertenceu foi mecanicamente feito, depois o cansaço, por vezes doloroso. Os passos falaram do prazer de andar, tal como a sede e a água e o vento e o mar. Que bom seria partir para um mundo longínquo e livre, habitar um imenso vazio. Descansar em esteiras de vime, deixando-me acariciar por ventos e brisas, expurgando angústias e as impurezas do corpo, sempre uma fonte de cuidados. Deixar o coração adormecer e depois franquear o Portão do Orvalho dessa manhã e alcançar serenamente a alegria.