À mesa do café. Atenta à conversa entre dois homens, talvez amigos, sobre os novos conceitos de trabalho ou emprego, a forma como se constituem as famílias, a irresponsabilidade perante os filhos que são de outras famílias e se juntam às nossas, etc, etc. Ao ouvi-los, ía pensando como era possivel viver e ser feliz naquele ambiente inseguro em que só o dia de hoje contava. O homem mais novo, cerca de 40 anos, descrevia a sua família com alguma mágoa, dando a entender falhas na comunicação com a atual companheira. E do que ouvi e compreendi nasce este texto, que escrevo com apreensão quanto ao futuro. Que sociedades estaremos a construir, que valores e que sentimentos se manifestarão nas crianças, homens de amanhã? O homem que mais falou, trabalhava como professor de ténis, a "namorada" representava uma marca de joias e de perfumes. Eram bem pagos mas nem sempre. Ele tinha dois filhos de outra relação, ela tinha também uma filha e tinham em comum uma menina de dois ou tres anos. Eram quatro crianças e uma sem pai e dois sem mãe. Havia queixas e incompreensões. Choros e risos que toda a juventude tem. Quando se despediram o homem mais velho disse alto: aguenta isso que para cabeçadas já chega. Eu concordo.